Incêndios intencionais: Acre ultrapassa 100 focos registrados por satélite em julho
Levantamento do Inpe mostra que número de incêndios aumentou mais de cinco vezes entre junho e o mês atual. Bombeiros seguem mobilizados para combater chamas que destroem casas e desabrigam animais.

O Acre já ultrapassou a marca de 100 focos registrados através de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no mês de julho, conforme dados atualizados diariamente na plataforma BDQueimadas. Até a última quarta-feira (23), já foram detectados 116 incêndios no estado.
Estes números preocupam pois, historicamente, o mês não costuma ser o mais crítico, o que pode indicar que o cenário ainda ficara mais intenso. O número representa um crescimento de 452% em relação a junho, quando foram registrados 21 focos. Ou seja, o total aumentou mais de cinco vezes.
Apesar disso, em 23 dias, o índice está longe do total registrado em julho do ano passado, que fechou com 603 focos, ainda segundo o Inpe.
Mesmo assim, a incidência constante já mobiliza o Corpo de Bombeiros. A corporação alerta que a maioria dos incêndios são queimadas intencionais.
“A vegetação, nesse momento, está um combustível propício ao incêndio. Tem a temperatura, tem o combustível, o oxigênio. Então a gente já tem todo um ambiente propício ao fogo. Mas mesmo assim, a questão de auto ignição ela é muito rara. A maioria dos focos ainda é de forma antrópica [causada por pessoas]”, alertou o major Caio Biasoli.
Mais de 9 hectares destruídos
No domingo (20), uma das queimadas destruiu cerca de nove hectares de terra em uma área no Conjunto Village Tiradentes, em Rio Branco. Com a destruição da vegetação, vários animais ficaram desabrigados e precisaram ser resgatados pelos bombeiros.
Um tamanduá-mirim e um filhote de coruja foram levados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente Recursos Naturais Renováveis.
“Chegamos por volta de umas 13h30 e o combate foi realizado em um período de duas a três horas”, resumiu o soldado Natan Silva.
O caso ilustra um triste cenário. Somente nos primeiros 15 dias de julho, os bombeiros atenderam mais de 300 ocorrências de queimadas em Rio Branco.
Além desses casos, que, devido ao tamanho, não chegam ao alcance dos satélites, a capital aparece com o quarto maior número de focos registrados pelo INPE, com nove focos. O ranking é liderado por Cruzeiro do Sul (20), Tarauacá (16) e Acrelândia (11).
*Colaborou o repórter Pedro Marcelo, da Rede Amazônica Acre.
Comentários (0)