Consciência Negra
Uma trajetória de lutas, resistência e conquistas que atravessa séculos
Por Mirley Castro
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, vai muito além da lembrança da morte de Zumbi dos Palmares. A data é um convite para refletir sobre a trajetória do povo negro no Brasil, um caminho marcado por dor, resistência e avanços significativos desde a abolição, em 1888, até os dias atuais.

Arquivo: Senado Federal
A assinatura da Lei Áurea representou o fim oficial da escravidão, mas não garantiu liberdade plena. Sem políticas públicas de inclusão, milhares de negros foram deixados à própria sorte, sem acesso a terra, educação, trabalho digno ou moradia. Esse abandono estrutural consolidou desigualdades que atravessam gerações e seguem presentes na sociedade brasileira.

Portal Cultural/PE
Apesar disso, a população negra construiu uma história de luta pela cidadania. Ainda no pós-abolição, comunidades quilombolas, irmandades religiosas e movimentos culturais preservaram identidades e fortaleceram a organização política. No século XX, entidades como a Frente Negra Brasileira e, posteriormente, o Movimento Negro Unificado, passaram a denunciar o racismo estrutural e reivindicar direitos básicos, como acesso à educação e ao mercado de trabalho.

Foto: Gazeta do Povo
A partir dos anos 2000, conquistas importantes começaram a transformar esse cenário. A implementação das políticas de cotas em universidades e concursos públicos, ampliou o acesso da população negra a espaços historicamente elitizados. O reconhecimento dos territórios quilombolas, a criação de leis contra o racismo e a valorização da cultura afro-brasileira também marcaram avanços significativos.
Atualmente, a consciência negra é pauta permanente nas discussões sobre igualdade racial. A presença crescente de profissionais negros em diversas áreas , na educação, nas artes, na mídia e em cargos de liderança e também na política, mostra que a mobilização coletiva começa a gerar resultados concretos.
No entanto, os desafios seguem grandes: o Brasil ainda convive com índices desproporcionais de violência, desemprego e exclusão que atingem principalmente a população negra.

Celebrar a Consciência Negra é, portanto, reconhecer essas conquistas, mas também reforçar o compromisso com uma sociedade mais justa.
É valorizar a história, a cultura e a contribuição do povo negro para o país, ao mesmo tempo em que se enfrenta, com urgência, o racismo que ainda persiste.
- A Lei nº 14.532/2023 equipara a injúria racial ao crime de racismo, tornando-a imprescritível e inafiançável.
- Aumenta as penas para crimes de racismo praticados em redes sociais e espaços digitais.
A luta continua ...e, é de todos.
Mirley Castro

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